A saúde e segurança no ambiente de trabalho são prioridades que não podem ser negligenciadas por nenhuma empresa. Entre as diversas medidas preventivas que devem ser adotadas, a instalação de um Desfibrilador Externo Automático (DEA) se destaca como uma das mais cruciais, especialmente em locais com grande fluxo de pessoas ou onde o risco de emergências cardíacas é elevado.
Neste post, explicaremos em detalhes a responsabilidade das empresas na instalação do DEA, os aspectos legais relacionados a essa prática, as possíveis consequências jurídicas da negligência e casos reais de empresas que enfrentaram problemas legais por não cumprirem com essa obrigação. Além disso, discutiremos como garantir que a sua empresa esteja em conformidade com as regulamentações vigentes, evitando riscos legais e, mais importante, garantindo a segurança e bem-estar de seus colaboradores.
O Desfibrilador Externo Automático (DEA) é um dispositivo médico que tem como objetivo salvar vidas em casos de paradas cardíacas súbitas. Ele é capaz de analisar o ritmo cardíaco de uma pessoa e, caso necessário, administrar um choque elétrico para restabelecer o ritmo normal do coração.
Em ambientes de trabalho, especialmente em locais com grande circulação de pessoas ou em áreas de risco elevado (como academias, indústrias ou empresas de eventos), o DEA pode ser a diferença entre a vida e a morte. Estudos mostram que o tempo de resposta é fundamental. A cada minuto que se passa sem um choque, a chance de sobrevivência de uma vítima de parada cardíaca diminui em até 10%.
A responsabilidade de uma empresa em garantir um ambiente de trabalho seguro e saudável vai além da simples criação de normas internas. Em muitos países, as leis trabalhistas exigem a adoção de medidas que visem proteger a vida dos colaboradores em situações de risco.
Por exemplo, no Brasil, a Norma Regulamentadora NR 7, que trata do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), exige que empresas que tenham condições de risco para a saúde, como atividades que envolvem esforço físico ou situações de estresse intenso, implementem medidas preventivas para proteger os trabalhadores. Embora a NR 7 não exija diretamente a instalação do DEA, a jurisprudência e a interpretação das leis já demonstram que, em casos de risco elevado, a instalação de um desfibrilador pode ser uma obrigação indireta.
Na União Europeia, a Diretiva 89/391/CEE estabelece que os empregadores devem garantir um ambiente de trabalho seguro e saudável. Além disso, alguns países da Europa, como a França e a Itália, possuem legislações específicas que exigem a instalação de desfibriladores em locais de grande circulação de pessoas. Empresas que falharem em cumprir essas exigências podem ser severamente multadas e até mesmo responsabilizadas em casos de fatalidades.
Nos Estados Unidos, a legislação varia de estado para estado, mas a Lei de Segurança e Saúde Ocupacional (OSHA) exige que os empregadores garantam um ambiente de trabalho seguro. Embora o DEA não seja uma exigência universal, a falta de um desfibrilador em lugares com grande risco de emergências cardíacas pode ser vista como negligência, sujeitando a empresa a processos e penalidades.
A falta de instalação de desfibriladores e outras medidas de segurança pode resultar em condenações judiciais severas. Em alguns casos, as empresas enfrentaram consequências devastadoras não apenas financeiras, mas também em termos de reputação e confiança com seus funcionários.
Caso 1: Condenação de uma Empresa de Eventos em São Paulo
Em 2019, uma empresa de eventos foi responsabilizada judicialmente pela morte de um colaborador que sofreu uma parada cardíaca durante o trabalho. A empresa não possuía um desfibrilador disponível no local, e a falta de resposta rápida contribuiu para o falecimento. O tribunal considerou a empresa culpada por negligência e a condenou a pagar uma indenização milionária à família da vítima.
Caso 2: Empresa de Entretenimento nos EUA
Em 2020, uma famosa empresa de entretenimento foi processada após um incidente em que um funcionário sofreu uma parada cardíaca enquanto trabalhava. Embora o local tivesse sido identificado como de risco para emergências cardíacas, a empresa não possuía um DEA disponível nas proximidades. O processo resultou em uma sentença que obrigou a empresa a pagar uma indenização significativa e a implementar a instalação de desfibriladores em todas as suas unidades.
Caso 3: Morte de Atleta em Academia na Europa
Em 2018, na Alemanha, um atleta faleceu em uma academia devido a uma parada cardíaca súbita. A falta de um DEA no local levou à responsabilização jurídica da academia, que foi multada por não fornecer um ambiente seguro para seus clientes. Este caso gerou um debate público sobre a necessidade de desfibriladores em academias e outros estabelecimentos de saúde.
Para evitar problemas legais e garantir a segurança de seus colaboradores, a empresa deve adotar medidas preventivas adequadas. Além da instalação do DEA, é fundamental:
1. Treinamento de Colaboradores: Todos os funcionários devem ser treinados no uso do DEA e em primeiros socorros. Isso aumenta as chances de sucesso no atendimento de emergências cardíacas.
2. Manutenção Regular do DEA: O desfibrilador precisa de manutenções periódicas para garantir que esteja sempre em condições de uso. A empresa deve estabelecer um plano de manutenção regular.
3. Verificação das Normas Locais: A empresa deve estar atenta às regulamentações locais e garantir que está em conformidade com todas as exigências legais em vigor.
4. Documentação e Registros: Manter registros detalhados sobre a instalação, manutenção e treinamento relacionados ao DEA ajuda a proteger a empresa em caso de inspeções ou processos judiciais.
A instalação do Desfibrilador Externo Automático (DEA) é uma medida essencial não apenas para proteger a vida dos colaboradores, mas também para evitar consequências legais graves. A negligência nesse aspecto pode resultar em processos, multas e danos irreparáveis à reputação da empresa.
Investir na segurança do ambiente de trabalho, cumprir as regulamentações legais e garantir que todos os colaboradores estejam preparados para lidar com emergências cardíacas são passos fundamentais para promover um ambiente de trabalho mais seguro e saudável. A vida dos colaboradores está, literalmente, nas suas mãos.