A necessidade de diferentes instrumentos médicos para medição de temperatura, pressão, oximetria e frequência cardíaca, por exemplo, e de ter que escrever esses dados à mão nos prontuários é uma realidade na maioria dos hospitais brasileiros. Pensando em mudar esse cenário, em 2014, a nossa startup, em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e financiada pela Finep/MCTI, apresentou uma ideia até então inovadora: um único monitor de sinais vitais, conectado a um software que transmite em menos de um minuto essas informações com precisão para o computador via Wi-Fi e GPRS, sem que precise de muito contato com o paciente: o Smart Check. À época, não se esperava que, em 2020, essa rapidez, precisão e diminuição de contato viria a ser fundamental para agilizar a triagem do coronavírus.
Com o Smart Check, é possível medir temperatura, frequência cardíaca, pressão arterial, glicose e saturação de oxigênio, transmitindo essas informações para o prontuário eletrônico do estabelecimento médico, como unidades básicas de saúde, prontos-socorros, Samu, entre outros . Esse dispositivo automatizado sobre rodas foi desenvolvido ao longo de seis anos, tendo sua conclusão no final de 2019, já com a aprovação da Anvisa. Por isso, os Hospitais Montenegro e Nossa Senhora da Conceição, ambos públicos no Rio Grande do Sul, já utilizam esse monitor com as adaptações do “Projeto Covid”, como explicou o CEO, Eduardo Marckmann.
“O que a gente conseguiu se adaptar no meio da pandemia foi fazer uma pré-triagem para o Covid, que é diferenciar os pacientes que estavam com sintomas e tinham um tratamento especial e pacientes normais da emergência”, definiu o CEO. “O nosso diferencial é que o monitor é um produto desenvolvido para triagem. Se você tem todos os equipamentos que não são projetados para isso, acaba que você vai levar muito mais tempo, a confiabilidade dos dados acaba, às vezes, não sendo a ideal, e você vai ter desfechos errados também. Então, acho que a velocidade de medida e a precisão nas medidas, sendo que ele foi desenvolvido para isso, transformam em um sistema que otimiza muito essa questão da triagem”, afirmou Marckmann.
A customização e a sofisticação dos monitores, como no “Projeto Covid”, são feitas de acordo com a demanda dos clientes, podendo variar entre R$9 mil e R$20 mil. No último ano, foram vendidos 70 monitores pelas diferentes regiões do país e a meta, de acordo com o CEO da startup gaúcha, é que esse número dobre em 2021.
O Smart Check contou com financiamento da Finep/MCTI, que foi fundamental para a conclusão do Smart Check. Com o apoio, a empresa foi capaz de diminuir os riscos de produção e contar com o retorno financeiro até os testes dos protótipos na emergência do Hospital São Lucas da PUC-RS, a aprovação da Anvisa e a divulgação do monitor.
“É importante apoiar as empresas brasileiras de tecnologia, principalmente as de menor porte no estágio de maior risco tecnológico”, explicou o analista da financiadora que acompanhou o projeto, Cláudio Paleólogo . “No caso desse projeto, o instrumento de subvenção econômica permitiu o compartilhamento do risco com a empresa, viabilizando sua dedicação ao desenvolvimento do produto em cenário de incerteza. No mais, é interessante saber que, dentro do prazo de execução com a Finep, a Toth partiu desde a especificação até a certificação na Anvisa”, finalizou.
Após a conclusão do Smart Check, a Toth Lifecare se enquadrou na classe III da Certificação de Boas Práticas de Fabricação de Produtos Médicos, além de ter estrutura produtiva própria para fabricação de equipamentos médicos com autorização de funcionamento (AF) pela Anvisa. Atualmente, a nossa startup tem outros dois projetos de dispositivos de saúde em desenvolvimento com apoio da financiadora.